O Dia do Poeta, celebrado neste domingo (20), ganhou um toque regional em Roraima. O professor de Língua Portuguesa Willer Lira foi o vencedor do 1º Concurso Virtual de Poesia, promovido nas redes sociais da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR). A iniciativa reuniu 35 obras autorais de diferentes partes do estado e mostrou que a produção literária local continua viva e pulsante — agora também em formato digital.

O poema vencedor, intitulado “Sonheto”, se destaca pela estrutura clássica e pela força simbólica de sua mensagem. Em versos que unem sonho e resistência, Lira reflete sobre a persistência de quem enfrenta desafios em busca de oportunidades, como o aluno que tenta uma vaga no serviço público.

“Senti alegria e gratidão por descobrir esse ser que escreve em mim. Quis retratar o sonho do aluno que resiste e segue acreditando”, contou o autor.

Literatura e pertencimento digital

O concurso, lançado no fim de setembro, convidou o público a enviar poesias por mensagem direta no Instagram da Assembleia. Cinco finalistas foram selecionados por um júri formado por artistas e produtores culturais de Roraima: Leonardo Guimarães, Zanny Adairalba e Zeca Preto. A escolha do vencedor foi feita pelo público, em uma votação online que movimentou as redes e ampliou o alcance da literatura local.

A proposta de divulgar as poesias em formato de vídeo e animação marcou um novo modelo de interação cultural, que aproxima escritores e leitores por meio das plataformas digitais. O poema vencedor ganhou uma versão animada, produzida com a colaboração do próprio autor.

A jornalista e produtora cultural Leo Daubermann, uma das idealizadoras do concurso, avaliou o resultado como um indicativo de que a poesia segue encontrando novas formas de chegar ao público.

“As pessoas participaram, comentaram, votaram e se reconheceram nas obras. Isso mostra que a poesia é também um espaço de pertencimento e identidade”, afirmou.

O poder dos versos

“Sonheto” é um poema de ritmo firme e linguagem simples, mas carrega a força de um manifesto. Nos versos finais, o autor ergue uma bandeira simbólica:

“Aqui estou! / Sou filho do Norte e nada, nada me abala!”

A mensagem ecoa entre leitores que se reconhecem na luta cotidiana e na crença de que sonhar é também resistir.

Sonheto

por Willer Lira

Nasce no peito e cresce contra o não

É chama viva, é força que irradia,

Num norte imenso em luta e coração.

Fazer da dor um passo para vencer,

Erguer-se firme, bravo na consciência

Trazendo a fé que ensina a florescer.

Um nome ergue a voz que foi calada,

Com suor e sonho a vida conquistou.

Ergue sua bandeira e brada:

Aqui estou!

Sou filho do Norte e nada, nada me abala!

Sonho é clarão que rompe a noite fria

Regá-lo é ter na seca a resistência

Na imensidão que o mapa desenhou,

E quem resistiu, de fronte levantada,