Criatividade, diversidade e transformação marcam encerramento do projeto “Onde Há Rede, Há Renda” em Boa Vista
Projeto itinerante “Onde Há Rede, Há Renda” encerra ciclo em Roraima com oficinas, feira cultural e premiação de empreendedores que transformam conhecimento em oportunidade.

Com uma mistura de cores, sons e histórias de superação, Boa Vista foi palco de um dos eventos mais inspiradores do ano voltados ao fortalecimento da economia criativa. O projeto “Onde Há Rede, Há Renda” encerrou sua passagem pela capital roraimense neste sábado (18), com o Encontrão das Redes, realizado no Estúdio Parixara.
A celebração marcou o fim de uma intensa semana de oficinas que reuniram 150 empreendedores locais, premiando iniciativas inovadoras e socialmente transformadoras.
A proposta foi unir formação, arte e empreendedorismo em um mesmo espaço, onde o conhecimento se tornou instrumento de autonomia. Durante seis dias, o programa ofereceu oficinas gratuitas sobre Economia Criativa, Educação Financeira, Inclusão Digital e Marketing, com prêmios que somaram R$ 10,5 mil.
O evento é uma realização do Movimento Cidade Projetos Criativos, com apoio do Instituto Movimento Cidade, patrocínio do Nubank e incentivo do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura.
O encerramento transformou o Estúdio Parixara em uma grande feira de talentos. O público circulou entre bancas de artesãos indígenas, empreendedores LGBTQIAP+, migrantes venezuelanos e jovens da periferia — protagonistas de um cenário diverso que reflete a potência cultural e social de Roraima.
A programação incluiu apresentações culturais, painéis sobre redes transformadoras, mostra audiovisual e o show da banda Bodó Valorizado, encerrando o ciclo com uma energia de celebração coletiva.
Entre os premiados, a jovem Milena Makuxi, de 25 anos, conquistou destaque com o projeto Festival Esquina Livre, que propõe um circuito de música indígena e oficinas artísticas em escolas e comunidades tradicionais.
“Esse projeto nasceu de um sonho e é uma conquista dos povos indígenas de Roraima. Agora vou poder dar o start para torná-lo realidade”, disse ela, emocionada, ao receber o prêmio de R$ 3,5 mil.
Outras histórias de impacto também ganharam reconhecimento. O trio de venezuelanas Josneida Caramauta, Oneida Marquez e Cenny Rojas foi premiado por uma iniciativa de empreendedorismo comunitário que une sustentabilidade e geração de renda. Já o artesão warao Jesus Rafael Bería, de 60 anos, destacou como as oficinas o ajudaram a reorganizar a produção artesanal e expandir a comercialização das peças.
Para Sourrio Nascente, artista e empreendedor trans não-binário, o aprendizado em Educação Financeira “foi uma virada de chave” para separar o pessoal do profissional e impulsionar o próprio negócio.
Segundo Gabriela Duque, diretora de programação do projeto, Boa Vista superou todas as expectativas. “A meta era alcançar 150 inscrições e batemos quase 200. Saímos com o sentimento de dever cumprido, por termos fortalecido uma rede diversa de empreendedores indígenas, periféricos, negros e LGBTQIAP+”, afirmou. “A semente que plantamos aqui é o conhecimento. Queremos que esse aprendizado se transforme em renda, inovação e autonomia.”
Com o encerramento em Roraima, o “Onde Há Rede, Há Renda” segue para Goiânia, Cuiabá e Guarujá, ampliando a rede de conexões criativas pelo país. A cada cidade, o projeto reafirma a ideia de que fortalecer pessoas é o caminho mais sólido para gerar desenvolvimento sustentável e inclusão social.
Como resume Gabriela Duque, “cada oficina virou uma nova rede, com mais de 40 pessoas trocando experiências e construindo caminhos juntos. É assim que se gera renda: fortalecendo pessoas e comunidades.”
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