A Venezuela realiza, nos dias 22 e 23 de janeiro, o exercício militar "Escudo Bolivariano 2025", mobilizando tropas, veículos blindados e unidades mistas de segurança em regiões estratégicas, incluindo áreas próximas à fronteira com o Brasil, em Roraima. Como parte das manobras, a aduana venezuelana foi temporariamente fechada, impactando diretamente o comércio na cidade de Pacaraima.
De acordo com João Kleber, presidente da Associação Comercial do município brasileiro na fronteira, o fechamento está localizado no perímetro da aduana venezuelana e deve ser temporário. "Acreditamos que até amanhã já vai estar liberado e assim o movimento volte ao normal. Com esse fechamento, o movimento comercial de Pacaraima é afetado diretamente, até porque posso afirmar que 70% do movimento de Pacaraima comercial advém da Venezuela", destacou.
O exercício militar ocorre em um momento de alta tensão política na Venezuela, após a posse de Nicolás Maduro para mais um mandato presidencial. Segundo o Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, a operação tem como objetivo "defender a paz e a democracia" contra supostas ameaças internas e externas que buscam desestabilizar o país.
A mobilização inclui forças armadas, órgãos de segurança civil e Unidades de Reação Rápida (URRA), que atuam na proteção de infraestruturas críticas e no reforço da segurança em cidades e fronteiras. O governo venezuelano também aproveitou a ocasião para destacar a importância da operação como demonstração de força militar e política.
Para Roraima, os impactos vão além da esfera militar. Pacaraima, principal porta de entrada de migrantes venezuelanos, já enfrenta desafios humanitários e logísticos, que são agravados pelo fechamento da fronteira. O bloqueio temporário prejudica o fluxo de bens e serviços essenciais, além de afetar a economia local, altamente dependente da interação com a Venezuela.
O fechamento da fronteira e a realização da manobra militar na fronteira preocupa os moradores de Pacaraima, vizinho a Santa Elene de Uairén (VE).
A professora Rita Rejane fala diz se sentir tensa com a situação. “Isso gera preocupação na gente, gera incerteza, porque essa fronteira, ela é uma fronteira irmã, né? A gente tem todo um contato, a gente vai e volta, tem pessoas que moram lá e trabalham aqui, tem sua vida aqui e lá. Então, no momento que a gente escuta qualquer coisa relacionada a isso nós ficamos preocupados enquanto moradores, nós temos nossos negócios temos famílias aqui então a gente se preocupa bastante porque é uma incerteza”,disse.
O "Escudo Bolivariano 2025" busca consolidar o discurso do governo Maduro sobre a estabilidade democrática e a defesa do território nacional. No entanto, especialistas apontam que manobras desse tipo também servem como demonstração de força para a oposição e a comunidade internacional, reforçando tensões na fronteira com o Brasil.
Com o término do exercício previsto para o dia 23 de janeiro, a expectativa é de que a fronteira seja reaberta, permitindo a normalização do comércio e do fluxo migratório. Enquanto isso, autoridades brasileiras seguem monitorando a situação, especialmente em Pacaraima, onde os reflexos das ações venezuelanas são sentidos de forma imediata.