A poesia acalenta a alma humana. Mas a poesia de Sony Ferseck vai além do acalento. É um grito de amor, de encantamento e de resistência que recebeu de herança e que ecoa desde os tempos ancestrais. Um grito encantador na voz de uma mulher escritora que sabe exatamente qual o seu lugar no mundo. Sony tem uma escrita supersônica, que quebra a barreira da indiferença. Não há como se manter passivo diante dos versos ao mesmo tempo sensíveis e fortes, românticos e profundos, modernos e atemporais. Desconcertantes até, de tão belos.
Sony tem um estilo inconfundível. Ela fala por si e por todas as mulheres indígenas, fazedoras, construtoras de si, mulheres que carregam a responsabilidade de parir vidas, ser amazonas guerreiras sendo também ternas, amantes e amadas. De sustentar o sentido do mundo com a sua coragem. A coragem de se transmutar em várias sendo uma. De não calar diante do machismo que machuca. Sony canta em seus versos as mulheres que chamam para si a missão de cuidar da memória ancestral de seus povos. A poesia de Sony é incomum, foge à normalidade morna dos dias correntes.
A mulher-mãe-amante-escritora-poeta-indígena-editora, muitas em uma, ela fez nascer uma obra inconfundível, de uma beleza tamanha que incomoda. Mas de um incômodo bom. Seu recém-lançado livro MOVEJO nasceu para ser grande, algo impossível de ser ignorado. Sua capa, de um vermelho flamejante, pulsa na prateleira e, de tão bela, gruda em nossa retina. Quando nos damos conta, estamos lendo cada poema com a voracidade de quem tem séculos de fome de versos. Mas versos de personalidade. De uma profundidade e leveza indizível, pois falta adjetivos para qualificar.
Nossa entrevistada deste episódio do Macuxicast é uma poeta digna de fazer parte do panteão das grandes deusas da poesia do Brasil e do Mundo. Sony é poesia em forma de mulher. Poesia de uma beleza ancestral, mas em vez de uma linguagem moderna, atraente e sedutora.
Ouça nossa entrevista e apaixone-se pela poesia de Sony Ferseck.
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