Seja bem-vindo
Boa Vista,23/10/2025

  • A +
  • A -
Publicidade

Blog do Luiz Valério

PRF intensifica ofensiva em Roraima e já acumula mais de 200 kg de ouro apreendidos em 2025

Em menos de cinco meses, cinco grandes operações interceptaram cargas de minério de áreas protegidas, fortalecendo o combate ao garimpo ilegal na Amazônia.

Foto: PRF
PRF intensifica ofensiva em Roraima e já acumula mais de 200 kg de ouro apreendidos em 2025 Agentes da PRF durante a abordagem de veículo carregado com barras de ouro na BR-401, em Boa Vista (RR). Foto: PRF/RR.

As recentes operações da PRF no estado de Roraima reforçam uma tendência de endurecimento do combate ao transporte de ouro extraído de forma ilegal na região amazônica. Na noite de 22 de outubro de 2025, a PRF realizou mais uma apreensão relevante: na rodovia BR‑401, em Boa Vista, os agentes interceptaram uma caminhonete em abordagem com base em inteligência que transportava 11 barras de ouro maciço, totalizando cerca de 10,2 kg do metal. O condutor foi detido em flagrante e encaminhado à Polícia Federal. 

A suspeita, segundo a PRF, é de que o ouro tenha origem em garimpos ilegais instalados em áreas de proteção ambiental e terras indígenas, sendo transportado com rotas ocultas que passam pela malha rodoviária federal de Roraima. 

Esse episódio marca a terceira apreensão de grande monta realizada pela PRF em Roraima apenas no mês de outubro — em menos de 15 dias já haviam sido interceptados mais de 60 kg de ouro. De acordo com os dados oficiais, o volume apreendido pela corporação em 2025 supera os 200 kg, consolidando a PRF como “a força policial que mais apreende ouro no Brasil”.

O valor estimado dessa carga apenas para a operação de 22 de outubro ainda não foi divulgado, mas na soma acumulada as apreensões já ultrapassam centena de milhões de reais.

Histórico recente de apreensões

Para compreender a magnitude do esforço da PRF e seus resultados, vale recuar aos principais episódios verificados este ano:

  • Em 4 de agosto de 2025, a PRF apreendeu cerca de 103 kg de ouro maciço, em mais de 100 barras, escondidos em um veículo na BR-401, na altura da ponte dos Macuxis, em Boa Vista. O valor estimado da carga ultrapassou R$ 60 milhões. (Serviços e Informações do Brasil)

  • Quase junto a esse episódio, em menos de 48 horas, ocorreu outra apreensão relevante: cerca de 40 kg de ouro em abordagem em Altamira (PA), na BR-230 (Transamazônica). (CNN Brasil)

  • Em 20 de outubro de 2025, a PRF interceptou 37,4 kg de ouro em 48 barras em Boa Vista, na BR-174, em ação orientada por inteligência. (Serviços e Informações do Brasil)

  • Em 10 de outubro, foi registrada outra apreensão de 11,6 kg de ouro em Roraima. (Serviços e Informações do Brasil)

    Esses dados indicam que, apenas em 2025, o estado de Roraima tornou-se palco de várias operações de apreensão de ouro de grande monta, sob coordenação da PRF, e que tais ocorrências estão diretamente associadas ao combate ao garimpo ilegal e ao tráfico de minérios.

Estratégia institucional e contexto

As ações da PRF fazem parte de um esforço mais amplo do governo federal, por meio do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (Plano AMAS), lançado em 2023, que reúne diversos órgãos para intensificar a repressão ao crime organizado e ao garimpo ilegal na Amazônia Legal. 

Segundo dados da PRF, desde a adesão ao plano foram abordados mais de 2 milhões de veículos e 2,5 milhões de pessoas nas rodovias federais da região amazônica. As ações resultaram em apreensões de madeira, minérios, animais silvestres, além de destruição de equipamentos como balsas, dragas, tratores e aeronaves usados por organizações criminosas.

O fato de que uma corporação rodoviária — e não apenas a Polícia Federal — esteja à frente de apreensões de grande monta de minério revela a importância do policiamento de fronteira, das rotas de transporte clandestinas e da atuação integrada entre forças. Em Roraima, onde as fronteiras com Venezuela e Guiana são sensíveis, a ação da PRF assume contornos estratégicos.

Impactos e desafios

A apreensão massiva de ouro ilegal tem múltiplos efeitos: contribui para o enfraquecimento de cadeias de financiamento do garimpo clandestino — que, além de captar grandes recursos, estão associados à degradação ambiental e à violação de direitos indígenas. O episódio de agosto, por exemplo, envolveu carga cujo destino era classificado como “possível” exportação para Venezuela ou Guiana.   

Por outro lado, o volume acumulado sugere que há uma escala de operação das redes criminosas que exploram garimpo e transporte de minério. Um dos desafios é rastrear a origem do ouro – se de garimpos autorizados ou não –, e identificar toda a cadeia logística até a exportação ou fundição ilícita. Também há o custo da logística de fiscalização: veículos blindados com compartimentos ocultos, rotas de fuga, fronteiras porosas e altas somas envolvidas tornam a repressão complexa.

Além disso, há impacto social e ambiental: as áreas de extração ilegal geralmente estão em zonas de proteção ambiental, terras indígenas ou regiões de floresta amazônica; a repressão não se limita ao transporte, mas à própria operação do garimpo, com destruição de maquinário e dragas — o que, segundo a PRF, já tem sido feito.   

O fato de que a PRF tenha se posicionado estatisticamente como “a força policial que mais apreende ouro no Brasil” em 2025 reforça a visibilidade da dimensão desse crime na Amazônia e da necessidade de articulação institucional — mas também mostra que o problema persiste em escala.

A nova apreensão de 10,2 kg de ouro em Boa Vista integra uma série de operações que, somadas, atingem mais de 200 kg no ano de 2025, um montante que alcança mais de R$ 100 milhões em valor de mercado. A PRF, atuando sob o escopo do Plano AMAS, demonstra capacidade de atuação integrada, inteligência policial e controle rodoviário estratégico em uma região-chave da Amazônia.

Contudo, os dados também sugerem que o garimpo ilegal mantém escala suficiente para movimentar cargas superiores a 100 kg de minério oculto em veículos, o que exige reforço contínuo de inteligência, cooperação internacional (fronteiras com países vizinhos) e políticas de prevenção que considerem tanto o transporte do metal como a extração em si.

Para o leitor e para o analista, vale observar que o monitoramento desses fluxos de ouro ilegal revela traços da complexidade da criminalidade ambiental e transnacional na Amazônia: rotas de transporte rodoviário, estruturas de encobrimento logístico, veículos adaptados e operações periódicas de alto valor.



COMENTÁRIOS

LEIA TAMBÉM

Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.