Nesta quarta-feira, 22 de janeiro, tropas venezuelanas lideradas pelo governo de Nicolás Maduro entraram alguns metros no território brasileiro durante a manobra militar "Escudo Bolivariano 2025", causando indignação e preocupação entre os moradores de Pacaraima, no norte de Roraima.
Relatos de moradores e vídeos obtidos pela reportagem mostram filas de veículos nos dois lados da fronteira, com destaque para carros vindos da Venezuela, cujos ocupantes buscam entrada no Brasil. A presença de tanques e outros equipamentos militares na região intensificou a tensão entre aqueles que dependem da travessia para atividades comerciais e familiares.
O governo venezuelano anunciou que o objetivo da operação é reforçar a segurança nacional, defendendo fronteiras, infraestruturas vitais e a ordem interna. Entretanto, críticos e especialistas avaliam a movimentação como um reflexo do cenário político interno, marcado por desafios econômicos e sociais que impactam a população.
A mobilização ocorre dias após Nicolás Maduro iniciar seu novo mandato, o que, segundo o governo, representa um marco de continuidade democrática. No entanto, opositores apontam que tais manobras militares podem ser usadas como estratégia para desviar o foco das dificuldades enfrentadas pelo país, agravando a crise humanitária nas regiões fronteiriças.
Moradores de Pacaraima expressaram indignação e preocupação com a fragilidade da fronteira, dada a falta de presença militar brasileira. Alguns acusaram a ausência de forças armadas brasileiras de permitir a incursão venezuelana, aumentando a sensação de insegurança na região
João Kleber, presidente da Associação Comercial de Pacaraima, expressou sua preocupação com a situação. “No dia de ontem, no primeiro dia de exercício militar do Exército Venezuelano, para nossa surpresa, tivemos aí um pequeno incidente ali na fronteira com a ultrapassagem de tropas venezuelanas para o lado brasileiro. Ainda que poucos metros, como 50 metros mais ou menos, mas passaram com seus veículos fortemente armados e isso nos intrigou até porque não deveria”, disse o comerciante.
O comerciante ressaltou que do lado brasileiro lado não havia soldados das Forças Armadas de prontidão para coibir a passagem. (...) Já sabíamos desse exercício militar, o governo venezuelano já tinha emitido uma nota um dia antes, mas, para nossa surpresa, houve essa demonstração de provocação aí à nossa soberania nacional”, diz ele, salientando que apesar do incidente, está tudo tranquilo na fronteira nesta manhã de quinta-feira (23).
A operação "Escudo Bolivariano 2025" está prevista para ocorrer nos dias 22 e 23 de janeiro, mobilizando diversas tropas e equipamentos militares em toda a Venezuela. A presença de tanques e outros veículos militares na fronteira com o Brasil é vista como uma demonstração de força por parte do governo de Maduro.
A situação na fronteira entre Brasil e Venezuela tem gerado preocupações não apenas entre os moradores locais, mas também entre autoridades brasileiras. A Polícia Militar de Roraima informou que está monitorando a área fronteiriça e que quaisquer atualizações sobre a situação serão informadas oportunamente.
A comunidade internacional observa atentamente os desdobramentos da operação militar venezuelana, enquanto a tensão na região continua a crescer. A crise humanitária na Venezuela, exacerbada pela repressão política e dificuldades econômicas, tem levado milhares de venezuelanos a buscar refúgio em países vizinhos, incluindo o Brasil.