As brincadeiras sobre o dia 1º de abril conhecido como Dia da Mentira remonta a França de 1858 quando as festividades de ano novo iniciavam em 25 de março e duravam uma semana, terminando em 1º de abril. Em 1564, o Rei Carlos IX decidiu mudar o calendário e instituiu que o ano novo seria comemorado no dia 1º de janeiro. Alguns resistentes, chamados de bobos de abril, continuaram comemorando o Ano novo no dia 1º de abril e por isso eram trolados por amigos que lhes mandavam presentes falsos que quando abertos não continham nada ou tinham algo assustador como sapos, ratos, cobras ou insetos assustadores.
Brincadeiras a parte, pesquisas no campo da Psicologia comportamental apresenta no mínimo 22 categorias representacionais para o conceito de mentira[ https://br.psicologia-online.com/tipos-de-mentiras-872.html], vejamos: autênticas ou descarada, exageros, utilitárias, enganosas, compensação, omissão, ocultação, falsa confirmação, negação, mascaramento, mentira branca, mentira aditiva, difamatória, traslatória, descarada, grande mentira, mentira de despedida, elusão, fabricação, mentira honesta e mentira patológica.
Transferindo essa abordagem comportamental para o campo de estudo sobre o ensino da Matemática, identificamos algumas dessas categorias de mentira relacionadas com o comportamento dos estudantes e suas formas de trabalho. Como afirmou Disraeli, existem 3 (três) categorias, as mentiras, as mentiras deslavadas e a estatística que é um campo ferramental da Matemática. Dessa forma é possível sub categorizar algumas situações no tratamento da matemática que se enquadrem nas categorias de Disraeli, ou seja;
1)Mentiras de perspectivas ideológicas[ https://www.superprof.com.br/blog/algumas-mentiras-sobre-os-numeros-e-calculos/], que podem ser enquadradas na categoria de mentiras honestas ou elusões. Esse tipo de mentira se personifica no ideário estudantil fazendo-os acreditar que:
a)a matemática é uma ciência exata, que é própria somente para as mentes iluminadas (falso! – A matemática é lógica e para todos e dom para matemática é um mito);
b) que quem domina a matemática é capaz de dominar com facilidade qualquer outra área de ensino, como acreditava Piaget (falso – o raciocínio lógico é que ajuda e serve para tudo);
c)Os matemáticos não são engraçados (falso! – Não podemos confundir abstração com tristeza):
d)Os homens são melhores do que as mulheres em Matemática (falso, o preconceito é que tem impedido que as mulheres se destaquem na matemática);
e)a matemática não serve para nada: (falso! A matemática está em tudo, ajuda evitar e resolver problemas. Serve para facilitar a vida por meio da lógica).
2)mentiras de anomalias algorítmicas que são utilizadas para conclusão da aplicação de algoritmo quando encontra um caso especial que exige maior rigor de análise ou que desvirtualiza o conceito ou premissa de estudo. Essa subcategoria pode ser relacionada com a categoria “mentiras de fabricação” de um artificio para logicisar um resultado. Por exemplo:
[ (4 +2) / (2+1)] = 4 (Falso), = 1 (falso), (A0 = 1 (Artifício). Nesses casos, geralmente apresentam-se resultados de compensação, as vezes até por absurdos de proposituras;
3)mentiras convencionais, por exemplo a estatística que utiliza de amostra relativas e representacionais, mas que faz inferências profundas em situações de análise parcial, pontual, de projeções ou de probabilidades que induzem falsidades ou imprecisão nos resultados de algumas pesquisas.
Essa análise da estatística me faz lembrar de um estudante de engenharia florestal que durante as aulas de estatística me apresentou a seguinte questão: - “[...] então! A estatística seria uma forma de torturar os números até que eles falem a verdade que queremos ouvir e não a verdade real e absoluta dos fatos?”. Essa pergunta arrancou sorrisos da turma e marcou a percepção dos estudantes sobre a estatística como uma mentira de mascaramento.
Essa análise comportamental do sujeito do processo não legitimisa a mentira na matemática. Para os que gostam e primam pela verdade acima de tudo, vale considerar que o estudo sobre raciocínio lógico na matemática se destina ao desenvolvimento do sensus plenior sobre “Verdades ou Mentiras”, como uma habilidade matemática de valor e muito utilizado na construção de detectores de mentira.
Esse fato revela na verdade, que a Matemática é fantástica, e pode nos ajudar a desenvolver raciocínio lógico para detectar afirmações falsas (mentiras) e evitar desagradáveis. O estudo do raciocínio lógica presente no currículo da matemática para estudantes de ensino médio, se justifica pela importância de um instrumento que sirva de parâmetro neutro de avaliação para situações de verdade versos mentira, posto que a lógica humana está sempre fundamentada em nossas concepções, crenças ou teorias que por fim também são frutos da imaginação humana.
Portanto, se considerarmos a matemática como produto da intuição humana, a partir da observação de uma realidade abstrata, veremos que na verdade a matemática é uma ciência que utiliza o pensamento hipotético dedutivo que não permite mentiras ou afirmações falsas, apenas nos revela verdades parciais e absoluta em tempos e espaços diferentes. Verdades pontuais ou relativas, verdades de fato ou de projeção, verdades posicionais como parte de um todo a ser concluído. Verdades que se consolidam num caminhar intenso e fantástico que modela a mente humana a partir de registros de fórmulas, gráficos, signos e figuras, a fim de provar de forma axiomática, que de fato, “os números realmente não mentem”. Caso Contrário, o dia 14 de março – Dia internacional da Matemática, se converteria no dia internacional da Mentira.
Sugestão de leitura:
https://br.psicologia-online.com/tipos-de-mentiras-872.html
https://www.superprof.com.br/blog/algumas-mentiras-sobre-os-numeros-e-calculos/