O erro é um dos elementos que comparecem no processo de ensino e aprendizagem e que deveria ser valorizado como ressignificador das descobertas do conhecimento, mas que acaba neutralizado por que o negamos. Isso se dá devido algumas concepções quivocadas que adotamos como padrão ao longo da vida estudantil. (Rossiter Ambrósio, 2023).
Relacionar a atividade matemática a cálculos exaustivos e complexos, pode ser a forma mais eficaz para criar bloqueio emocional que se tornam obstáculos para o estudo e para a aprendizagem desse componente escolar.
A matemática é um componente escolar que quando prestigiado pelo estudante proporciona atividades interessantes que podem ser muito prazerosas do ponto de vista da descoberta da capacidade individual para resolver situações problema, pois esta descoberta gera sensação de empoderamento, decorrentes da superação de obstáculos epistemológicos ou de desafios acadêmicos.
O ganho de desenvolvimento intelectual na relação com a matemática é possível, com certeza. Porém, exige essencialmente o envolvimento absoluto do estudante, bem como, a sua pré-disposição para praticar a técnica de tentativa de acerto e erro durante as atividades matemáticas.
O sucesso no estudo da matemática está garantido àqueles que tão somente entenderem a matemática como um campo de conceito que são comunicados por meio de registros específicos com uso de uma linguagem própria. Aqui está o segredo do sucesso, ou seja; praticar o uso da linguagem e das diferentes formas de registros e representações semióticas desses registros de conceitos.
A sugestão é praticar bastante de várias formas diferentes, analisando resultados obtidos por caminhos diferentes, bem como, os resultados diferentes obtidos por caminhos semelhantes. Isso não se chama criatividade, isso é nada mais, nada menos, que o processo de convenções dos registros semióticos, previstos na aprendizagem matemática. Implica entender, que do ponto de vista operacional, as situações problema, na matemática exigem resultados exatos.
Porém, do ponto de vista da lógica matemática, as formas de encontrá-los e representá-los são variáveis e distintos. Dessa forma, o dito popular sobre a matemática ser uma ciência exata, é reducionista, simplista e pode confundir os estudantes, além de induzir equívocos na proposta de ensino do professor.
A validação dessa ideia tem desenvolvido nos estudantes aversão a matemática e perversão da concepção do ERRO no processo de ensino e aprendizagem. O erro é um ente positivo da aprendizagem, pois elimina as certezas prévias das respostas e nos reconduz à tentativa de acerto.
É exatamente, nessa experiencia de recondução à tentativas de acerto e erros que o estudante adquire maturidade intelectual e intimidade com os padrões ferramentais da matemática. É o erro que permite o empoderamento do estudante diante dos saberes matemáticos que envolvem conceitos, operações, modelos e propriedades. De acordo com Morin (1998), o erro consiste em um dos 7 (sete) saberes necessários para a educação do futuro.
Sobre o erro, P. Freire recomenda que os professores o aceite com o conhecimento provisório, isto é; inicial. Infelizmente, os estudantes não aceitam errar de forma alguma, porque o erro foi rotulado como algo ridículo, como uma prova ou demonstração de incapacidade, ou idiotice. Para esses, errar pode custar a negação da aceitação no grupo de amigos ou em classe de estudantes. Por essa razão, durante as atividades em sala de aula, negam-se participar das atividades e deixam de apresentar seus resultados.
É interessante observar, que alguns estudantes só apresentam os resultados de uma tarefa após um dos colegas conseguir fazer a tarefa, confirmar o acerto com o professor e compartilhar a resposta com a classe. Somente então, copiam a resposta corregida pelo professor e se apresentam reivindicando o visto de acerto. Essa atitude sim, consiste em um erro inaceitável, um erro moral, letal e mutilador da aprendizagem e da capacidade de inteligência deles. Porém aceito com naturalidade pela maioria da classe.
Vamos combinar! A matemática é uma forma de pensamento, linguagem e representação, então não tenha medo de errar os resultados. Erre bastante. Permita-se errar. Pratique o erro. Errar é legal, positivo e desafiador. Revela nossa ingenuidade, exorta nossa ignorância, lapida nossas virtudes e aguça nossas percepções intuitivas. O erro nos causa fortes emoções e nos provoca euforia. O erro, até parece escamotear propositadamente a resposta correta para nos testar e nos arrancar desabafos de expectativa, expressas como; Aaaah! Eu sabia! Quase! Poxa.
Na Neuro linguagem, essas expressões são chamadas de insight que são as reações de sinapses, ou seja, um registro do exato momento no qual ocorreu uma aprendizagem. Isso não parece ser algo fantástico? Magnifico! Pense nisso, pense agora.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
Cortella, M.S. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e Políticos. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.
Morin, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.
Freire, Paulo; Faundez, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.