O domínio do conhecimento matemático, bem como o domínio das técnicas de ensino (didática) apropriadas, são condições para o sucesso das aulas. Entretanto, o uso desses saberes de forma desvinculada da realidade do sujeito que aprende, bem como, da influência das tendências sociais que atuam sobre ele, é a forma mais eficaz para garantia do insucesso em sala de aula.
De verdade! A conquista do interesse pleno do estudante pelo tema de ensino e, a evidência da aprendizagem é deveras precioso para o professor. Essa verdade põe o professor em cheque na sala de aula. A grande pergunta do professor é exatamente, - Como conquistar o interesse pleno e genuíno dos estudantes e garantir a efetivação da aprendizagem?
Sabemos que as razões do insucesso dos estudantes em sala de aula está para além do domínio do conteúdo e das metodologias apresentadas como fantásticas para os professores na atualidade. Dessa forma, vale revisitar alguns pensadores, cujas ideias podem ajudar os professores formular uma resposta para a questão central desse artigo, vejamos.
Do ponto de vista cognitivo Vergnaud e Durval discutem a importância do domínio do conhecimento específico da matemática. Komensky, Bruner e Brousseau, enfatizam o domínio das técnicas e formas de ensino (didática). Do ponto de vista genético Piaget defende a relação de influência das fases do desenvolvimento humano na aprendizagem. L. Vygotsky identifica a interação social com enfoque na linguagem, como um fator influenciador da aprendizagem. D. Ausubel revela que a aprendizagem se estabelece nas conexões de relevância do tema de ensino com o conhecimento que o estudante já possui. Perrenoud, discute que a aprendizagem deve valorizar as competências e habilidades ao invés de conteúdo. Bom, aqui temos algumas, entre outras sugestões que podem direcionar os professores à uma resposta consistente.
As ideias de Piaget e Perrenoud, colocam a resposta que desejamos aqui construir, a nível daquilo que tem valor para os estudantes na faixa etária da adolescência. As ideias de D. Ausubel e Vygotsky, sugerem uma resposta a nível dos saberes dos adolescentes, bem como, da linguagem que eles utilizam para se comunicar e produzir conhecimento. As ideias de Coménios, Bruner e Brusseau, trazem a resposta para nível de atenção sobre a <forma como eles (os adolescentes) aprendem>.
A partir dessas sugestões, é imprescindível conhecer a realidade objetiva dos adolescentes a nível de valores e potenciais para aprendizagem. É necessário então realizar uma abordagem crítica, da conjuntura comportamental dos adolescentes, no ambiente escolar. Dessa forma, alguns professores convencionam pelo menos, 13 (treze) das características gerais do modus operandi dos adolescentes no ambiente escolar, ou seja:
1) gostam de filmes, séries; e aglomerações 2) gostam desafios e autonomia; 3) gostam de fazer cosplay de famosos da universo da música (Funk, Roque, etc), do cinema, dos quadrinhos e mangás, mas abominam ser ridicularizado por isso; 4) detestam monotonia, mas são procrastinadores; 5) apreciam descobertas impressionantes, mas se negam a acompanhar o raciocínio adulto; 6) admiram sacadas inteligentes e geniais dos professores, 7) Não gostam de se expor indiscriminadamente e têm medo de errar em público; 8) gostam de pódio e de estar em primeiro lugar do Ranking (destaque), mas precisam ser instigado; 8) gostam de independência, mas na maioria das vezes não tem iniciativa e nem disciplina, 9) não gostam de ser cobrado, mas não se preocupam com a organização; 10) são ansiosos; 11) apresentam valores sociais emergentes, mas são inconsequente; 12) Se comportam como Stalker dos professores e lhes cobram postura ética de acordo como lhe é cobrado, principalmente sobre o cumprimento de horário e assiduidade, 13) são articulados, capazes de se organizar e possui tendência a haters de professores.
Espelhando essa análise nas ideias dos autores acima apresentados, é possível imaginar no mínimo 20 (vinte) indicadores operacionais que podem refletir a resposta desejada, vejamos:
1.Para impressionar seus estudantes, o professor pode utilizar a técnica de ensino que utiliza a História da matemática; 2) para conquistar o envolvimento dos estudantes a opção é a prática do ensino com tecnologia e inovação; 3) Para um ensino desafiador, trabalhos de construção de conceito usando atividades manuais envolvendo material reciclável, nesse sentido, o uso de equipamentos eletrônicos, planilhas e aplicativos operacionais para ensino de matemática, podem ser uma alternativa de valor. 4) Para conquista do respeito e admiração, a postura de respeito e disciplina, a valorização da assiduidade e pontualidade, prática avaliativa justa e uso do princípio de isonomia são imprescindíveis; 5) o uso de um sistema de disposição adequada dos estudantes, pode potencializar os métodos de controle da dispersão da atenção dos estudantes. 6) incluir na proposta de ensino um sistema de premiação e recompensas pode afinar a sintonia entre professor / estudante. 7) Evitar uso de imposições e arbitrariedade; 8) Trabalhos extraclasse, seminários e outras atividades que valorizem o protagonismo e a autonomia dos estudantes devem ser perfeitamente planejados e comunicados com clareza para firmar aceitação com efeito na garantia da cooperação. 9) Negar o ensino fragmentado e usar projetos de ensino com culminância comemorativa; 10) Usar tema direcionador para contextualizar as atividades com a realidade e interesse dos estudantes. 11) resumir o tema, em pequenas unidades de ensino; 12) desenvolver o ensino de conceito sempre do simples para o complexo, com aplicação no espaço real e imaginários dos estudantes; 13) definir a aprendizagem desejada, com enfoque na comunicação e na linguagem por meio de situações problemas, encaminhando os cálculos operacionais; 15) envolver os estudantes em aulas práticas para construção de cartazes, maquetes ou modelos didáticos, 16) usara as datas comemorativas para o ensino por projeto; 17) usar pincéis em diferentes cores para atrair a atenção dos estudantes durante as exposições; 18) inverter a posições dos estudantes na sala de aula; 19) Explorar o ambiente escolar como espaço de ensino; 20) trocar o quadro branco pelo piso da sala, e/ou mudar a posição sentado para deitado no piso para impedir dispersão da atenção no momento da atividade; 21) utilizar instrumentos de ensino com régua, transferidores e compassos, geo / plano e material dourado para construção de conceitos algébricos; 22) Utilizar peças de sólidos geométrico e corpos redondos de várias formas e tamanhos.
Enfim, o sucesso na sala de aula, é um prazer que sai caro para o professor, pois a matemática está em tudo e pode ser ensinada de diferentes maneiras e espaços para todos de forma diferenciada. Definir de modo claro a realidade do sujeito envolvido, pode aumentar as chances do sucesso do professor. O sucesso do ensino nesse componente requer do professor, um conjunto de didáticas adequadas, domínio teórico e, <conhecimento pleno do sujeito que aprende>.
Vale dizer que este sucesso está disposto numa probabilidade de 50% de chance para dar certo ou errado, isto é. Não existe um método perfeito. Portanto, aqui vale um conselho herdado de meu pai; [...] – “se a sua ideia estiver correta e o resultado for insatisfatório, verifique se o problema não está na sua forma de agir ou de comunicar a ideia ou ação”! Pense nisso, pense agora.