Retomando o texto da semana passada, devo dizer que o termo – “Metodologias Ativas” para o campo de pesquisa em ensino da Matemática e outros componentes correlatos, como Física, Biologia e Química excepcionalmente, recai em um acidente semântico para o qual sugerimos um ajuste com o termo, [METODOLOGIAS ATIVADORAS].
A pergunta é, ativadoras do que? No caso da matemática, a metodologia deve ativar não só o protagonismo mecânico do estudante, mas acima de tudo, o protagonismo cognitivo. Ativar as formas de mobilização e emprego do pensamento de forma lógica por meio da gestão do pensamento hipotético-dedutivo, somente assim, podemos falar em “significant learning” (aprendizagem significativa) no contexto do ensino de matemática.
Implica dizer, que nas metodologias ativas, o estudante pode participar de grupos ou times de estudo, mudança de estações ou reversão da ação em sala de aula, laboratório e pesquisas ou sítios de investigação, porém nada disso garante a efetivação da ação cognitiva do sujeito. Ou seja, não podemos confundir ação com aprendizagem. Supõem-se que as metodologias ativas concentram-se na ação do sujeito e não na aprendizagem do mesmo. Além disso, a ação prevista para o sujeito é passiva e não autônoma. Portanto, não pode ser considerada genuinamente ativa, em termos de aprendizagem. Ao comando do professor, o estudante se movimenta nas estações previstas, mas essa movimentação poderá ser sempre submissa, passiva e sem nenhum empenho cognitivo ou autonomia.
É nesse sentido que a metodologia deve ser , mas não somente da ação mecânica do estudante, mas principalmente da ação cognitiva desse sujeito. Sendo assim, quando se trata de um componente com objetos de ensino tão complexo quanto a matemática, a participação dos estudantes nas estações de estudos em uma proposta de metodologia ativa, não garante a efetivação de aprendizagem, apenas a participação do mesmo.
Vale aqui reafirmar que os objetos matemáticos, de acordo com Duval (2009 – 2021) são invisíveis ao estudante, sendo o papel do professor, torná-los visíveis. Isso dá sentido ao termo aqui forjado . Ativadoras do que? - Da percepção dos estudantes sobre a existência dos objetos matemáticos em sua realidade objetiva, bem como, das formas de manipulá-lo e aplicá-lo em outras áreas de conhecimento e em sua própria vida em sociedade.
Para a elaborar métodos ativos no campo de ensino da matemática, o professor deve valorizar as tendências metodológicas apresentadas nesse campo de inquérito, tais como apresentadas em Pais (2001); <<Resolução de problemas, Ensino com ludicidade, Ensino com projetos investigativos, Ensino com tecnologias, Etnomatemática, Biomatemática e Modelagem matemática>>.
De acordo com Mendoza e Tintoré (2014), todo processo didático deve ser assentado em um modelo cognitivo (teoria de aprendizagem). Na matemática temos um conjunto de teorias que fundamentam o ensino de matemática em suas diversas valências. Ou seja, <Aritmética, Álgebra e Geometria>. Para os próximos textos, apresentaremos sobre como elaborar sequências didáticas fundamentadas na TRRS, relacionada à Duval (2023 -2009) e com base na Resolução de Problemas, como um tipo especial de aprendizagem significativa da matemática.