A matemática não foi inserida na escola para entregar coisas fáceis, a matemática foi inserida no currículo escolar com o objetivo de ajudar os estudantes desenvolver raciocínio lógico, pensamento hipotético dedutivo por meio de resolução de problemas, para preparar os estudantes no enfrentamento de coisas difíceis da vida para a vida.
Desde a publicação dos PCN´s, os professores são orientados por meio dos documentos curriculares oficiais do MEC, que o ensino de matemática tem que ser apresentado ao aluno por meio de problemas, por situações problemas que os façam pensar e, as contas como costumam falar popularmente, são meros algoritmos e modelos mentais usados como ferramenta para tal objetivo de ensino – Pensar logicamente para tomada de decisões exultantes!
Na teoria sobre os Registros de Representações Semióticas, Duval (2009) apresenta os objetos matemáticos como ferramentas para o desenvolvimento das habilidades matemáticas lógicas. Considerando que os objetos matemáticos não possuem uma lógica visível. Ou seja, não são visíveis aos estudantes. Ao professor é dado o desafio de torná-los acessíveis e lógicos para o estudante.
Nesse contexto de aprendizagem, o professor é o sujeito responsável pela gestão das ferramentas matemáticas. É sua atribuição, promover o desenvolvimento do pensamento mais eloquente, mais elegante, mais útil e efetivamente lógico. As aulas de matemática na escola devem ser voltadas a esse objetivo base.
É nas aulas de matemática que os estudantes aguçam o pensar de modo lógico e tornam-se mais competitivos no mercado de trabalho e saem na frente nessa sociedade do one click, dominada pelo smartphone e marcadas por blind peoples, (seres humanos fragilizados que buscam resolver seus problemas de modo rápido, fácil e monetizado).
Penso que é razoável afirmar que a escola tem competido com essa perspectiva social de avanços tecnológicos que embora tenha benefícios inegáveis, faz com que os alunos entram em crise de objetivos sem compreender o objetivo da matemática que é transformá-los em seres pensantes.
A matéria ouvida no rádio me remeteu ao tempo em que eu fiz meu mestrado, quando visitei vários documentos nos quais constavam comentários e críticas ao ensino de matemática. De acordo com os documentos lidos, desde a década de 60, quando se iniciou o movimento da Educação Matemática para reformulação do currículo desse componente escolar, a Matemática é apontada como a grande causa da evasão escolar.
Atualmente, verifico que essa questão é recorrente e que deveria ser tratada, em partes, em termos de formação inicial e continuada para os professores, que na maioria ainda não sabem como ensinar por meio de resolução de problema e, conforme o quadro de situações vivenciadas no período de aulas remotas impostas no período de isolamento social, para controle da pandemia do Covid-19, pelo menos 30% dos professores/escola, apresentaram limitações para uso de dispositivos tecnológicos.
É atribuição do professor de Matemática promover o desenvolvimento do pensamento mais eloquente, mais elegante, mais útil e efetivamente lógico
Em contrapartida, vivemos em um tempo no qual o professor para iniciar a aula precisa resgatar o aluno de um estado de hipnose tecnológica causada pelos App do smartphone e, de forma humilhante precisa lembrá-lo que estão em sala de aula e, pedir que por gentileza o mesmo retire boné, capuz, desligar o aparelho celular e guardar o phone de ouvidos.
Estes cenários explicam que a matéria ouvida no rádio é um reflexo dos problemas presentes na realidade atual da sala de aula e mostram que a escola pode está sucumbindo diante dos movimentos transculturais que não estão encontrando espaço e adequação nos modos operantes do currículo escolar.
O abandono Escolar é mais bem percebido no Ensino Médio, por que se trata do nível escolar que recebe os Jovens e adolescentes que precisam ausentar-se da escola para manter-se no mercado de trabalho, em função da sobrevivência da família. Fato que aponta para a necessidade de reforma curricular que deveria apresentar propostas de bolsa de estudo ou de estágio para jovens adolescente que enfrentam o dilema de seguir nos estudos ou de garantir a sua sobrevivência e ajudar na manutenção da família.
Portanto, além de formação continuada para os professores, são necessárias mudança curriculares aliadas a políticas públicas que fomentem a vivência e garanta a permanecia dos estudantes na escola.
Rossiter Ambrósio dos Santos, Doutor em Ensino de ciências e matemática pela REAMEC, da Universidade Federal do Mato Grosso. Phd em Didática do ensino de matemática
NOTA DO EDITOR: A coluna do professor Rossiter Ambrósio deveria ter sido publicada na quarta-feira, dia 1 de fevereiro, mas em decorrência do apagão da Internet em Roraima, acabou não sendo publicada pelo que pedimos sinceras desculpas.