Nesta sexta-feira (28 de maio), dia em que a Polícia Federal saiu às ruas em Sergipe para investigar desvios de recursos destinados ao combate à pandemia, completa 226 dias que foi deflagrada aqui em Roraima uma operação semelhante quando, na ocasião, os agentes da PF encontraram dinheiro escondido entre as nádegas do senador CHICO RODRIGUES (DEM-RR), então vice-líder do governo Bolsonaro no Senado. Depois de passar alguns meses afastado do mandato para fugir de punição mais severa, tudo continua igual na vida do parlamentar. Até aqui, o Senado nada disse nem foi perguntado.
As decisões muitas vezes esdrúxulas e inexplicáveis da Justiça brasileira em todos as instâncias (incluindo a Eleitoral), aliada à lentidão na apreciação dos processos devido ao excesso de recursos, têm feito a credibilidade do Poder Judiciário despencar ladeira abaixo nas últimas décadas. A cassação de mandatos de políticos como o deputado estadual ODILON FILHO, por exemplo, acusado de ter fraudado documentos da Câmara Municipal de Caracaraí para ganhar condições de concorrer à reeleição em 2018, tem sido tratada com desdém por alguns dos seus seguidores.
Senão, vejamos. Um internauta que se identifica como Junior D’Alves escreveu o seguinte no comentário da notícia sobre a cassação de Odilon: “Vão ficar caducos com tantas tentativas sem sucesso e irão ver ele eleito pelo nosso estado de novo… Esse faz a diferença”. É a certeza da impunidade ou não é?!
Já a comentarista Mariline Louyse Reis mandou esse pensamento positivo para o cassado por prática de crime de falsificação de documentos: “Podem até tentar, mas não vão conseguir e [ele] vai ser deputado de novo em 2022. Avante Odilon”. São demonstrações de desdém com um Judiciário cujos membros, muitas vezes, comem na mesma mesa dos corruptos. A sociedade brasileira está seriamente doente pelo câncer da corrupção.
Mas como acreditar numa Justiça Eleitoral que cassa o mandato de quatro deputados de um mesmo parlamento, numa mesma legislatura, por diferentes tipos de delitos eleitorais e outros mais, como é o caso de Yony Pedroso (Solidariedade), Renan Filho (Republicanos), Chico Mozart (PRP) e agora Odilon Filho e todos continuam no cargo? É bem provável que todos eles terminem o mandato, mesmo de forma ilegítima uma vez que estão cassados. Essa é o desacreditado sistema jurídico brasileiro.
É curioso ver movimentos de brasileiros indignados contra a corrupção quando, na verdade, muitos só querem tocar os corruptos dos outros pelos seus corruptos de estimação nos cargos de poder. Essa é a triste realidade da doente democracia brasileira.
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