Contradições em juízo, manipulação de atas, falsidade ideológica e possível conflito de interesses marcam a mais recente crise na Federação Roraimense de Tênis e Beach Tennis (FRRTBT). Os novos desdobramentos vieram à tona durante uma audiência judicial realizada pela Justiça Estadual de Roraima, lançando dúvidas profundas sobre a lisura da atual gestão da entidade.
O presidente da Federação, Gabriel Dias da Silva, é acusado de prestar informações falsas à Justiça. Um dos episódios mais emblemáticos foi sua afirmação de que a FRRTBT “não possui sede”, contrariando documentos oficiais da própria entidade — como registros em CNPJ, atas anteriores e comunicados públicos — que indicam endereço fixo há anos. A declaração, segundo fontes ligadas ao processo, teria o objetivo de encobrir o fato de que a eleição de novembro de 2024 foi realizada em sua residência particular, e não em um local institucional ou previamente anunciado.
As denúncias não param por aí. Representantes de clubes e atletas citados em atas como participantes de assembleias negaram em juízo qualquer envolvimento ou mesmo conhecimento dos eventos registrados. Para agravar, essas atas foram registradas quase dois meses após os encontros que supostamente aconteceram — e sem listas de presença —, o que levanta forte suspeita de adulteração e fraude documental.
Outro ponto crítico envolve o assessor jurídico da Federação, Emerson Delgado. Em vez de representar os interesses da entidade de forma ampla e imparcial, Delgado tem atuado exclusivamente na defesa pessoal de Gabriel Dias, inclusive em situações que envolvem potenciais conflitos com o vice-presidente. A atuação seletiva do assessor, em vez de proteger a instituição, fere princípios básicos de governança e pode configurar um grave conflito de interesses.
Diante da gravidade das suspeitas, dois clubes filiados à Federação, com situação regularizada e legitimidade para convocar atos formais, chamaram uma Assembleia Geral Extraordinária. A pauta inclui o possível afastamento imediato do presidente, além da discussão sobre medidas de reestruturação e transparência na condução da entidade.
O caso expõe o que pode ser uma tentativa sistemática de controle irregular de uma federação esportiva por meio de documentos manipulados e desinformação. A comunidade do tênis e do beach tennis em Roraima pede providências urgentes. A expectativa agora recai sobre a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e demais órgãos responsáveis, que devem se posicionar diante das possíveis violações à legislação e aos princípios que regem a gestão esportiva no Brasil.