Depois de uma audiência pública marcada por fortes críticas e pela completa desconstrução do projeto de Reforma da Previdência dos Servidores Municipais de Boa Vista (Pressem) por parte das entidades sindicais, representantes da Prefeitura e dos sindicatos voltaram a se reunir nesta sexta-feira (25), no Palácio 9 de Julho, para discutir as projeções atuariais e os rumos do regime previdenciário municipal.
O encontro, que faz parte de uma série de reuniões propostas pela gestão municipal, foi pautado pela apresentação dos cálculos que embasam a proposta de reforma. As entidades sindicais, no entanto, voltaram a questionar a metodologia utilizada e os dados apresentados, cobrando maior transparência e revisão das premissas atuariais.
A procuradora-geral do município, Marcela Medeiros, defendeu a necessidade de um debate técnico sobre o tema e anunciou que o processo de discussão deve se estender por 60 dias. Segundo ela, a ideia é construir coletivamente uma proposta a partir das dúvidas e sugestões levantadas. O próximo encontro está previsto para a quarta-feira (30), quando serão debatidas as “Regras Previdenciárias”.
Apesar do tom diplomático adotado pela prefeitura, as lideranças sindicais mantiveram a postura crítica. Para Rubenigue Soares, presidente do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindprer), o momento é de cautela. “A audiência pública anterior deixou claro que o projeto, como está, não se sustenta. Agora, com base nos dados atuariais apresentados, vamos analisar se há realmente déficit e o que pode ser revisto”, afirmou.
Sirdennys Silva, presidente do Sindicato dos Professores de Boa Vista (Sindpron-BV), também reforçou a necessidade de vigilância. “Ainda há muitas dúvidas, especialmente sobre artigos que impactam diretamente nossas carreiras. Essa proposta precisa ser completamente debatida com a categoria antes de qualquer avanço no Legislativo”, pontuou.
O clima da reunião refletiu o desgaste já exposto na audiência pública: técnicos do município tentam sustentar a necessidade de mudanças no sistema previdenciário, enquanto sindicatos exigem mais clareza, diálogo real e revisão das projeções que sustentam a reforma.