Durante a sessão desta terça-feira (18), na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputados estaduais debateram as supostas pressões exercidas por membros do governo para enfraquecer os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Grilagem de Terras. Criada para apurar fraudes na emissão de títulos públicos, a CPI se tornou alvo de disputas políticas e tentativas de descredibilização, segundo parlamentares.
O presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), defendeu a comissão como um mecanismo de proteção aos produtores rurais que atuam dentro da legalidade. "Aquele produtor de boa-fé, seja da soja, do milho, do gado, do feijão, não precisa temer a CPI. Nosso objetivo é garantir segurança jurídica, um sonho antigo. Estamos aqui para investigar, não para gerar insegurança, mas também não podemos fechar os olhos para os crimes que estão acontecendo", declarou.
Sampaio relembrou audiências públicas realizadas no interior do estado e afirmou que produtores vêm sendo ameaçados por grupos que atuam na ocupação ilegal de terras. "Fizemos uma audiência em Caroebe e a primeira reunião da CPI em Rorainópolis. Ouvimos relatos de pessoas que tiveram suas casas queimadas por grileiros. Essa é a realidade que estamos enfrentando", denunciou.
O parlamentar também criticou a postura do governador Antonio Denarium (PP), cobrando maior envolvimento diante das denúncias. "Se o governador desconhece esses fatos, então ele não está à altura do cargo. O deputado Renato Silva levou essas informações ao conhecimento dele, e até agora nada foi feito", criticou Sampaio.
O presidente da ALE-RR alertou sobre uma suposta estratégia para enfraquecer a CPI e confundir a opinião pública. "Estão tentando desvirtuar, desacreditar, criar dúvidas na cabeça das pessoas sobre nosso trabalho. Mas não vão conseguir. Sabemos separar um conflito de terra entre vizinhos da verdadeira grilagem", reforçou.
Segundo ele, as investigações já revelaram um esquema de ocupação irregular voltado à especulação e lavagem de dinheiro. "São milhares de hectares tomados ilegalmente para serem comercializados. Essa CPI trará à tona o que realmente acontece em nossas terras e encaminhará os resultados às autoridades", afirmou.
Por fim, Sampaio alertou que a ALE-RR pode convocar o governador para prestar esclarecimentos, caso medidas efetivas não sejam tomadas. "Omissão diante dos fatos também pode ser considerada crime", finalizou.