Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, reafirmou nesta terça-feira (4 de fevereiro), sua confiança em uma "vitória esmagadora" do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) nas eleições regionais e legislativas de 27 de abril de 2025.
Durante o V Congresso Extraordinário do partido, Maduro declarou que a revolução chavista conquistará os 24 governos estaduais, incluindo regiões atualmente controladas pela oposição, como Zulia e Nueva Esparta. A retórica, porém, ecoa em um cenário político marcado por acusações de fraude eleitoral, perseguição a dissidentes e um êxodo de mais de 7 milhões de venezuelanos desde 2015.
"Vamos ganhar por um deslizamento de terra. Sempre venceremos com nosso povo", afirmou Maduro, sem mencionar as críticas internacionais sobre a falta de transparência nos processos eleitorais venezuelanos. Desde 2018, quando Maduro foi reeleito em pleitos considerados ilegítimos por parte da comunidade internacional, o governo tem reforçado mecanismos de controle, como a desqualificação de candidatos opositores e a monopolização de recursos estatais para campanhas do PSUV.
A meta de conquistar todos os governos estaduais revela uma estratégia de asfixia à já frágil oposição. Barinas, terra natal de Hugo Chávez, e Zulia, tradicional reduto crítico ao chavismo, são alvos prioritários.
Organizações como a ONU e a OEA já alertaram para o uso de instituições públicas, como o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para garantir hegemonia governista. Em 2020, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), alinhado ao Executivo, nomeou diretoriais de partidos opositores, fragmentando a resistência.
"Maduro não busca vitórias, mas a perpetuação de um regime", critica Luis Emilio Rondón, analista político venezuelano exilado na Colômbia. "A retórica do ‘deslizamento de terra’ ignora a realidade de um país onde 65% da população vive na pobreza e a democracia é uma ficção."
O congresso extraordinário do PSUV foi convocado para "definir posições" rumo às eleições, consolidando a máquina partidária em meio à crise econômica e social.
Enquanto o governo anuncia investimentos em campanhas, a Venezuela enfrenta hiperinflação (340% em 2024), escassez de combustíveis e apagões frequentes. Para analistas, a prioridade eleitoral do chavismo contrasta com a incapacidade de resolver problemas estruturais.
A promessa de "proteger o país" com governos estaduais alinhados ao 7T (plano de "revolução produtiva" de Maduro) soa como uma tentativa de centralizar ainda mais o poder. "Sem oposição, não há freios. É a consolidação de um projeto autoritário", resume Rondón.