O Parlamento da Guiana foi palco de um intenso debate nesta segunda-feira (27), centrado na questão da migração venezuelana e em declarações consideradas xenofóbicas por parte de parlamentares da oposição. A Ministra de Turismo, Indústria e Comércio, Oneidge Walrond, criticou duramente os comentários feitos pela deputada Amanza Walton-Desir, que associou a crescente população migrante a riscos para a segurança nacional e soberania do país.  

Walrond destacou que grande parte dos venezuelanos no país são de ascendência guianense e acusou Walton-Desir de manipular o discurso sobre migração para gerar pânico.

“A maioria dos venezuelanos que estão aqui são de origem guianense. Essas discussões estão sendo distorcidas para criar temores desnecessários”, afirmou a ministra, condenando o que chamou de retórica divisiva da oposição.  

Críticas e acusações de ambas as partes

A deputada Walton-Desir, por sua vez, defendeu um controle mais rigoroso da migração, incluindo a criação de uma política que priorize os guianenses e restrinja o direito de voto dos imigrantes.

Ela também chamou atenção para ações recentes do governo venezuelano, como a construção de uma ponte para a Ilha Ankoko e planos para designar um governador na região do Essequibo, como sinais de escalada de tensão territorial.  

“Essas ações constituem uma perigosa escalada de agressão. Devemos ir além de protestos formais e adotar medidas mais decisivas para proteger nossa integridade territorial”, declarou Walton-Desir.  

O debate também trouxe à tona estatísticas sobre a migração. Em 2024, o governo divulgou que cerca de 28 mil venezuelanos vivem atualmente na Guiana, buscando melhores condições de vida.

No entanto, o Ministro de Assuntos Internos, Robeson Benn, destacou que os venezuelanos representam o maior grupo de estrangeiros no sistema prisional do país, com 23 presos por crimes como porte de armas, tráfico de drogas e homicídio.  

Governança e migração

A ministra Walrond rebateu as críticas ao governo, apontando que os benefícios sociais implementados pela atual administração, como subsídios e pensões, não dependem exclusivamente da receita do petróleo, ao contrário do que afirma a oposição.

Ela pediu que o debate se concentrasse em soluções concretas para questões de migração e desenvolvimento, ao invés de fomentar divisões.  

Com um número crescente de migrantes e desafios diplomáticos relacionados à Venezuela, a questão da migração promete continuar sendo um tema central na política guianense.  

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