O impressionante crescimento de 43,6% no Produto Interno Bruto (PIB) da Guiana em 2024, com destaque para a expansão do setor de petróleo e gás e a diversificação econômica, representa um marco histórico para o país vizinho de Roraima. Essa transformação econômica pode trazer oportunidades significativas para o estado brasileiro, dado o fortalecimento dos laços comerciais e geopolíticos entre as duas regiões.
A proximidade geográfica coloca Roraima em uma posição estratégica para se beneficiar do desenvolvimento da Guiana. O crescimento da indústria petrolífera guianense, com a produção de 225,4 milhões de barris de petróleo em 2024, impulsionada pelo uso de FPSOs (Floating Production Storage and Offloading), não apenas posiciona o país como um importante player global de energia, mas também cria possibilidades de cooperação com o Brasil.
O setor de exportação da Guiana, que registrou aumento de 55,4% nas exportações de petróleo e 16% em produtos não petrolíferos como ouro, arroz e bauxita, pode se conectar diretamente às demandas de Roraima. A logística transfronteiriça pode ser fortalecida, favorecendo o comércio bilateral e a troca de tecnologias, especialmente nas áreas de mineração e agricultura.
A indústria de petróleo e gás foi o principal motor da expansão econômica, com produção de 225,4 milhões de barris de petróleo em 2024, um aumento de 57,7%. Essa expansão foi possibilitada pelo uso estratégico de unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência (FPSO), como a Prosperity FPSO, que iniciou operações em novembro de 2023.
As exportações de petróleo bruto cresceram 55,4%, enquanto as exportações não petrolíferas, incluindo ouro, arroz e bauxita, aumentaram 16%. O setor de mineração e pedreiras também apresentou alta de 55,9%, com destaque para a mineração de bauxita, que cresceu impressionantes 48,4%, e para a produção de ouro, que atingiu 434.067 onças.
Apesar das tensões geopolíticas e das pressões globais nos preços, a inflação na Guiana estabilizou significativamente em 2024, com uma taxa global de 2,9% no período de 12 meses. Medidas estratégicas ajudaram a conter os aumentos nos preços dos alimentos, que subiram 5,6%, e contribuíram para a redução das pressões inflacionárias.
O governo da Guyana destacou que as economias avançadas estão experimentando uma desaceleração mais rápida na inflação, projetada para estabilizar em torno de 2% até 2025, enquanto as economias emergentes e em desenvolvimento devem reduzir suas taxas de inflação para 5,9% em 2025, após um declínio gradual em 2024.
Para Roraima, a diversificação econômica da Guiana é um exemplo a ser considerado. A ampliação de setores como agricultura, silvicultura e pesca, que cresceram 11% em 2024, destaca a possibilidade de parcerias no desenvolvimento sustentável, especialmente no contexto da preservação amazônica. A Guiana também demonstrou resiliência frente aos desafios climáticos, como o impacto do fenômeno El Niño, com recordes na produção de arroz (725.282 toneladas) e avanços em aquicultura.
O setor de construção, alimentado pelo aumento na mineração de areia e pedra na Guiana, também oferece potencial para integração, dado o crescimento das demandas de infraestrutura em Roraima.
Apesar do crescimento econômico acelerado, a Guiana enfrenta desafios relacionados à inflação e à estabilização dos preços globais de commodities. Esse contexto ressalta a importância de uma colaboração regional mais robusta para mitigar os efeitos de flutuações econômicas e climáticas.
Com o fortalecimento da infraestrutura de transporte e comunicação entre os dois territórios, Roraima pode se posicionar como um elo essencial na cadeia de valor que liga a Guiana ao restante do Brasil. Além disso, parcerias em tecnologia e práticas sustentáveis podem impulsionar o desenvolvimento integrado e gerar benefícios mútuos.