Dois conselheiros aposentados do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR), condenados por desvio de dinheiro público no escândalo dos "gafanhotos", foram beneficiados com um bônus de R$ 1,1 milhão em outubro passado. O valor, referente à venda de folgas acumuladas há mais de dez anos, só foi liberado após mudanças internas no tribunal.
Marcus Rafael de Hollanda Farias, que deixou o cargo em 2018, recebeu R$ 721 mil. Já Henrique Manoel Fernandes Machado, afastado desde 2016, foi contemplado com R$ 381 mil. Ambos foram condenados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2018, com penas de mais de 11 anos por peculato.
As alterações no regulamento interno do TCE-RR, realizadas em agosto de 2024, permitiram o pagamento retroativo a 2015. Segundo o Ministério Público Federal, Farias e Machado participaram de um esquema que desviou milhões de reais entre 1998 e 2002, quando indicavam funcionários fantasmas para órgãos estaduais e se apropriavam dos salários.
Apesar da gravidade das condenações, que destacaram a "culpabilidade em altíssimo grau", os ex-conselheiros ainda conseguiram reivindicar e receber os valores acumulados. Procurados, o TCE-RR e Henrique Machado não se manifestaram.
O caso reforça o debate sobre o uso de recursos públicos para beneficiar agentes condenados por crimes contra o próprio Estado, levantando questionamentos sobre a moralidade e transparência das decisões tomadas pelos órgãos fiscalizadores.