Em 2024, a inteligência artificial (IA) consolidou-se como um tema central nos debates públicos, permeando desde discussões parlamentares até análises na imprensa. Sua influência crescente em diversos setores da sociedade brasileira impulsionou tanto iniciativas de regulamentação quanto reflexões sobre seus impactos positivos e negativos.
No âmbito legislativo, o Senado Federal aprovou em dezembro um projeto de regulamentação da IA, que agora segue para a Câmara dos Deputados. O texto propõe, entre outras medidas, a realização de avaliações de impacto algorítmico para sistemas classificados como de alto risco, visando assegurar a transparência e a proteção dos direitos fundamentais . Essa iniciativa reflete a preocupação em equilibrar inovação tecnológica com salvaguardas éticas e sociais.
Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) analisaram o novo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), destacando a formação de pesquisadores especializados como uma prioridade. Essa estratégia busca fortalecer a capacidade nacional de desenvolver e aplicar IA de forma responsável, promovendo benefícios em áreas como saúde, educação e segurança pública .
Contudo, a expansão da IA também levanta preocupações significativas. Debates promovidos por instituições como a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) têm explorado os desafios éticos e sociais associados ao uso da IA, enfatizando a necessidade de uma abordagem crítica para mitigar riscos e evitar consequências adversas .
Alguns especialistas argumentam que a IA representa mais do que uma simples inovação tecnológica, configurando-se como uma nova forma de inteligência. Essa perspectiva sugere que a IA tem o potencial de transformar profundamente a relação entre humanos e máquinas, redefinindo processos cognitivos e a própria compreensão da inteligência .
Por outro lado, há vozes que alertam para os riscos de uma dependência excessiva da IA. A cientista de dados Meredith Broussard, por exemplo, defende uma utilização mais comedida da tecnologia, ressaltando que, embora poderosa, a IA possui limitações e pode perpetuar vieses existentes .
Em síntese, o ano de 2024 evidenciou a dualidade inerente à ascensão da inteligência artificial no Brasil. Enquanto seu potencial para impulsionar avanços em diversos setores é amplamente reconhecido, persistem desafios relacionados à ética, regulamentação e compreensão de sua verdadeira natureza. O equilíbrio entre inovação e responsabilidade continuará sendo um tema central nos debates sobre IA nos próximos anos.
Para aprofundar a compreensão sobre os riscos da IA, recomenda-se assistir à audiência pública interativa da Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial no Brasil, disponível no vídeo a seguir: