Operação Flygold II:
Na manhã desta quarta-feira (11/12), a Polícia Federal deflagrou a Operação Flygold II com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada no transporte ilegal de ouro extraído de terras indígenas, incluindo a Terra Indígena Munduruku, no estado do Pará. O esquema envolvia a extração, transporte e comercialização de ouro para outros estados brasileiros e para o exterior.
A operação mobilizou agentes em seis estados: Pará, Roraima, Amapá, São Paulo, Paraná e Goiás. Foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão. A Justiça Federal determinou o sequestro de bens e valores que somam mais de R$ 615 milhões, visando a desarticulação financeira do grupo criminoso.
As investigações, que duraram cerca de um ano, revelaram a grande escala da operação ilegal. Constatou-se que aproximadamente uma tonelada de ouro foi transportada ilegalmente, gerando movimentações financeiras superiores a R$ 4 bilhões. O esquema envolvia contas bancárias de laranjas, empresas fantasmas e intermediários para ocultar a origem ilícita do ouro.
A Polícia Federal identificou que a organização criminosa recrutava estrangeiros para transportar o ouro em voos comerciais, dificultando a identificação dos líderes e a investigação. Essa estratégia visava reduzir os riscos para os chefes da operação.
A extração ilegal de ouro em terras indígenas causa graves impactos ambientais e sociais, contaminando rios e solo, e promovendo a degradação ambiental. Além disso, a atividade ilegal intensifica a violação dos direitos dos povos indígenas, comprometendo a sustentabilidade das comunidades locais. A Terra Indígena Munduruku, uma das mais afetadas, sofre com constantes invasões de garimpeiros ilegais.
A Operação Flygold II representa um desdobramento de ações anteriores da Polícia Federal no combate à mineração ilegal no Brasil. O objetivo é prender os integrantes do esquema e sufocar financeiramente a organização criminosa, interrompendo o ciclo de exploração e lavagem de dinheiro.
O superintendente regional da Polícia Federal no Pará destacou a importância da operação para enfraquecer o tráfico ilegal de ouro e proteger os territórios indígenas. "A extração ilegal de ouro em terras indígenas é um crime que vai além do econômico; é uma violação aos direitos humanos e à preservação ambiental. A Flygold II reforça nosso compromisso em combater essas práticas e proteger as comunidades afetadas", afirmou.
A operação Flygold II reacende o debate sobre a necessidade de regulamentação e fiscalização mais rigorosa na mineração, especialmente em áreas de preservação ambiental e terras indígenas. O caso expõe como o crime organizado se beneficia de brechas na legislação e da falta de fiscalização.
Os suspeitos presos serão indiciados por crimes como usurpação de bens da União, lavagem de dinheiro, organização criminosa e violação de direitos indígenas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e conexões internacionais. A Polícia Federal busca colaboração de outros órgãos e países para fortalecer as ações de combate a esse tipo de crime.