A recente revelação de que alguns conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR) receberam supersalários que ultrapassaram R$ 1,8 milhão em um único mês é nada menos que chocante. Trata-se de valores que chegam a superar em mais de 40 vezes o teto salarial constitucional estabelecido para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), atualmente em R$ 44.000.
Esse contraste gritante ressalta de forma dramática a realidade desigual que permeia o estado de Roraima, o mais pobre e dependente de recursos públicos do país. Enquanto a grande maioria da população luta diariamente com limitações financeiras, uma pequena parcela de servidores públicos de alto escalão se beneficia de benefícios e "penduricalhos" que lhes permitem acumular fortunas às custas do erário.
O que torna essa situação ainda mais revoltante é o fato de que o TCE-RR, uma instituição cuja missão é justamente fiscalizar o uso adequado do dinheiro público, seja o palco desses supersalários abusivos. Ao se apropriar de recursos que deveriam ser destinados ao desenvolvimento e ao bem-estar da população, os conselheiros demonstram um completo desprezo pela realidade socioeconômica do estado que deveriam servir.
Roraima, com sua economia altamente dependente de transferências governamentais e empregos públicos, precisa urgentemente de políticas que promovam a equidade e a justiça social. No entanto, como pode a população acreditar na capacidade do poder público de gerir os recursos de forma responsável quando seus próprios representantes se comportam de maneira tão desavergonhada?
Felizmente, o governo federal tem buscado medidas para conter esses abusos, com a aprovação de um projeto na Câmara dos Deputados que visa limitar os "penduricalhos" e alinhar os gastos salariais aos limites constitucionais. Essa iniciativa ganha ainda mais relevância e urgência diante do escândalo protagonizado pelos conselheiros do TCE-RR.
É imprescindível que haja uma revisão profunda da remuneração no setor público, com o objetivo de promover a transparência, a responsabilidade fiscal e, sobretudo, a equidade. Afinal, em um estado como Roraima, onde os recursos são escassos e as necessidades sociais são tão prementes, não há como justificar que alguns poucos privilegiados se apropriem de valores astronômicos, enquanto a maioria da população luta para sobreviver.
Essa situação chocante deve servir como um alerta para que os governantes e a sociedade civil se unam em prol de reformas que restabeleçam a dignidade e a confiança no serviço público. Apenas assim, poderemos caminhar rumo a um modelo de desenvolvimento verdadeiramente inclusivo e sustentável para todo o estado de Roraima.