Desde que o ChatGPT foi lançado há quase dois anos, o Google, até então líder incontestável no segmento de buscas online, começou a sentir a pressão de uma nova era. As recentes inovações do ChatGPT, principalmente com sua atualização de busca na web, prometem transformar a experiência de pesquisa, oferecendo respostas prontas em vez de uma tradicional lista de links, o que pode redefinir o cenário da internet como conhecemos.
Em uma comparação prática, ao buscar “quero comer pizza napolitana” no Google, os resultados priorizam anúncios pagos, uma lista atrás de um paywall e vídeos antigos, mas com pouca utilidade prática para o usuário. O ChatGPT, por outro lado, fornece uma resposta precisa e direta, identificando a pizzaria mais próxima e bem-avaliada, com uma breve explicação e um link de referência. Embora imperfeita, essa resposta aproxima-se mais das expectativas de quem busca informações rápidas e eficazes.
O funcionamento dessa nova busca no ChatGPT combina mini-pesquisas instantâneas em fontes online, como Bing e sites de notícias, com algoritmos que processam e resumem conteúdos em até dois segundos. Essa tecnologia oferece atualizações contextuais, ajudando a resolver dois problemas frequentes da IA: o desatualizamento de informações e as "alucinações" – respostas errôneas fornecidas pelo modelo.
No entanto, essa eficiência não é isenta de desafios. As respostas baseadas em IA podem perder nuances importantes, priorizando o que é mais noticiado e frequentemente ignorando ângulos mais específicos. Por exemplo, ao buscar informações financeiras sobre a Ambev, o ChatGPT apresenta um panorama geral, mas deixa de lado questões estratégicas, como os desafios da empresa no mercado chinês, ponto relevante para uma análise mais aprofundada.
Essa evolução nas buscas online pode ser benéfica para os usuários, mas é incerta para o ecossistema jornalístico e para empresas que dependem do tráfego gerado pelo Google. Como o ChatGPT apresenta respostas completas, muitos usuários podem deixar de acessar a fonte original, o que pode prejudicar financeiramente os portais de notícias, que lucram com anúncios e cliques. Esse modelo também ameaça o SEO (otimização para motores de busca), setor focado em melhorar o ranqueamento de sites.
O Google, por sua vez, está ciente dessa mudança iminente e desenvolve o Gemini, seu próprio modelo de IA que gera resumos com links para as fontes, visando manter os usuários engajados. Contudo, críticos afirmam que esses resumos são propositadamente incompletos para incentivar o clique e garantir o tráfego nos sites parceiros.
A realidade é que estamos presenciando uma transformação na maneira de buscar informações na web. Se por um lado a personalização e agilidade das respostas do ChatGPT são atraentes, por outro, a IA precisa ser constantemente monitorada para evitar imprecisões. Na era da informação instantânea, garantir a veracidade e profundidade dos conteúdos será um desafio contínuo.