Sou assumidamente um cafeólatra.
Adoro o cheiro do café passado num coador de pano, à moda antiga.
Gosto tanto dessa bebida originária das terras altas da região de Cafa e Enária, no norte da África, que me esmerei em fazer um café matinal para saborear com a Lu, minha esposa, todos os dias.
Minha paixão por café remonta à minha infância. Lembro-me da minha avó, Rosa, torrando café num tacho de barro em sua cozinha roceira, na Rua Belo Dourado. Sim, minha avó era agricultora.
O cheiro dos grãos tostando pouco a pouco, inundando a casa toda, era delicioso e permeava os dias da minha meninice.
Enquanto vovó torrava café, eu brincava em meio às plantas do seu jardim.
Havia mangueiras, roseiras, laranjeiras e limoeiros no seu quintal. Eu perdia o passar das horas, brincando com pássaros e lagartixas, estas que eram os monstros imaginários da minha meninice.
Hoje, homem feito e jornalista, tenho no café uma das minhas paixões diárias. Tomo café várias vezes por dia. O café estimula minha criatividade e me mantém alerta.
No mais, o sabor do café para mim é algo inigualável.
Recordo-me agora que nos Estados Unidos os americanos tomam café como se fosse água. Quando estive em Miami, há alguns anos, fui comprar um café com minha mentalidade brasileira. Foi hilário.
A vendedora perguntou se eu queria “a small, medium or large coffee”(um café pequeno, médio ou grande). E eu, pensando à brasileira, pedi um café grande. Veio-me um copo com meio litro de café. Tão grande era que eu me assustei.
Passei quase uma hora para consumir a bebida, até não aguentar mais. A forma deles de fazer o café também é diferente. Quase tudo nos EUA é automático. Até o fazer do café.
Mas, enfim, poucas coisas na vida é tão prazerosa quanto saborear um café bem feito.
Um bom livro e uma xícara de café juntos, então, é uma receita infalível de prazer.
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