A campanha eleitoral de 2024 em Boa Vista (Roraima), assim como em outros municípios brasileiros, está sendo marcada por uma nova e preocupante modalidade de crime eleitoral: a chamada lista do PIX. Trata-se de uma prática ilícita em que candidatos cadastram potenciais eleitores e, por meio de integrantes de suas equipes, realizam ligações oferecendo boca de urna antecipada mediante pagamento via PIX.
A cada eleição, estratégias ilegais são refinadas na tentativa de driblar a legislação eleitoral. Nesta nova modalidade, a compra de votos ocorre de maneira disfarçada e digitalizada, utilizando o sistema de transferência instantânea de valores para tentar influenciar o resultado das urnas. Candidatos que buscam a reeleição e outros que estão se lançando pela primeira vez ao parlamento recorrem a esse artifício, numa clara tentativa de assegurar sua vitória por meios ilícitos.
Esta não é uma suposição teórica. Faço tal afirmação com base em fatos reais. Amigos, conhecidos e pessoas próximas relataram terem recebido essas ligações, nas quais a proposta é clara: dinheiro em troca de apoio eleitoral. Embora alguns rejeitem a oferta, outros acabam por aceitá-la, o que agrava ainda mais o cenário de corrupção eleitoral.
A prática da lista do PIX representa uma grave ameaça à integridade do processo eleitoral e, consequentemente, à própria democracia. Ao permitir que votos sejam comprados, mesmo que de forma digital, abre-se espaço para fraudes e para a eleição de representantes que não necessariamente refletem a vontade popular, mas sim o poder econômico de suas campanhas.
É importante ressaltar, contudo, que nem todos os candidatos aderem a tais práticas. Muitos buscam a recondução ao parlamento de forma honesta, baseando suas campanhas no trabalho realizado durante a legislatura anterior. São políticos que apostam no diálogo com a população e na apresentação de propostas concretas para seguir no cargo.
Infelizmente, outros candidatos, ao perceberem suas poucas chances de renovar o mandato, optam por apelar para meios escusos como a lista do PIX. Ao fazerem isso, prejudicam não só a própria imagem, mas também a confiança dos eleitores no sistema democrático.
A inovação tecnológica tem trazido inúmeras facilidades para o dia a dia da sociedade, mas, lamentavelmente, também tem sido usada como ferramenta para fraudes eleitorais. O uso do PIX como método para compra de votos nas eleições de 2024 é uma prova disso.
É necessário que a Justiça Eleitoral, bem como os órgãos de fiscalização e investigação, como a Polícia Federal, atuem com rigor para coibir essa prática e punir os envolvidos. Além disso, os eleitores devem estar atentos e denunciar qualquer tentativa de suborno. Só assim será possível garantir que as eleições reflitam a verdadeira escolha da população e não o resultado de um sistema contaminado por práticas corruptas. A integridade do processo eleitoral é fundamental para o fortalecimento da democracia brasileira.
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