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Declaração de bens de vereadores de Boa Vista chega a ser risível

A análise das declarações de bens dos vereadores de Boa Vista revela um cenário curioso: enquanto alguns declaram não possuir patrimônio, suas campanhas ostentam uma estrutura impressionante. O que está por trás dessa discrepância?

27/09/2024 às 15h36 Atualizada em 27/09/2024 às 16h55
Por: Luiz Valério Fonte: Blog do Luiz Valério
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Vereadores de Boa Vista que buscam reeleição declaram não ter bens, mas campanhas de grande porte e investimentos chamam a atenção.
Vereadores de Boa Vista que buscam reeleição declaram não ter bens, mas campanhas de grande porte e investimentos chamam a atenção.

Uma análise detalhada das declarações de bens dos atuais vereadores de Boa Vista, entregues à Justiça Eleitoral, revela constatações importantes. É bastante interessante notar que vários candidatos declararam à Justiça Eleitoral não possuir bens. Ou seja, ficaram mais pobres ao final do mandato do que quando ingressaram no Poder Legislativo da Capital. Você acredita na veracidade dessas informações? Nem eu.

Entre os vereadores que disputam a reeleição e que se declararam totalmente desprovidos de bens estão o abençoado pastor Manoel Neves, pupilo da riquíssima Igreja Universal do Reino de Deus e já detentor de vários mandatos. O vereador/empresário Kleber Siqueira (o homem das marmitas) também declarou não ter bens. Siqueira era sócio dos filhos da ex-governadora Suely Campos na empresa envolvida no episódio do escândalo das marmitas servidas aos detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

Nessa mesma linha, o vereador Sandro Baré, que faz parte das “altas paneladas da sociedade roraimense”, como diria o cantor/humorista Falcão, e ainda é irmão do defensor público e deputado federal Stélio Denner, também se declarou desprovido de bens. O vereador Melquesedek, que chegou ao parlamento municipal como sindicalista da área da Saúde, idem. Tuti Lopes, pupila do ex-deputado federal Édio Lopes, foi outra que declarou zero bens. Professor Samuel e Ruan Kenobi seguiram a mesma cantilena.

Esses nobres parlamentares, que concorrem à renovação de mandato, estão, segundo suas próprias declarações de bens, em situação financeira pior do que Baía Garçon, que disputa uma das cadeiras do parlamento pelo Partido Novo. Este declarou ter pelo menos R$ 5.000,00 em bens.

Em contraste à condição de pobreza dos citados acima, o vereador Júlio Cezar Medeiros declarou ser um “riquinho rico” do lavrado, com bens da ordem de R$ 6,1 milhões. O radialista Bruno Perez declarou posses no valor de R$ 775.000,00. Já o vereador Adnan Lima, por sua vez, disse possuir bens que, juntos, correspondem a R$ 700.000,00. Chama a atenção o fato de a vereadora Aline Rezende, esposa do deputado estadual Coronel Gerson Chagas, ter declarado bens no valor de apenas R$ 350.000,00. Juliana Garcia, sobrinha do governador Antonio Denarium, declarou ter R$ 260.000,00 em bens.

Quem “está bem na fita” é o vereador Gildean Gari, que chegou ao parlamento com uma mão na frente e outra atrás, apenas com o apoio dos seus pares, e já acumulou R$ 240 mil. Por algum tempo, Gildean, foi apadrinhado do então deputado Jalser Renier, antes da derrocada política do “menino de ouro”.

Outros, como o presidente da Casa, Genilson Costa, que é reconhecidamente um homem de posses — com uma casa em bairro nobre da cidade e outra na Zona Oeste da capital “para ficar mais perto do povo”, segundo ele mesmo diz a pessoas próximas —, declarou possuir apenas R$ 120 mil. Frise-se: EM ESPÉCIE. Genilson tem uma das campanhas mais caras entre os concorrentes, com centenas de carros adesivados rodando pela cidade. Suas reuniões são gigantescas, com estrutura profissional. Como é possível fazer tudo isso com tão pouco dinheiro, segundo ele?

Faço, porém, alguns adendos: no caso dos que se declararam sem bens, o candidato pode estar no início de carreira ou ter optado por um estilo de vida minimalista, sem aquisição de bens materiais. Ou os bens podem estar registrados em nome de cônjuges, familiares ou empresas, não sendo obrigatória a declaração individual neste caso. Em alguns casos, a ausência de declaração de bens pode estar relacionada a estratégias de proteção patrimonial, visando evitar exposição pública ou facilitar futuros negócios.

PS - O texto passou por correções depois da sua publicação. O valor da declaração de bens do vereador Júlio Cezar de Medeiros, por exemplo, foi corrigida. Equivocadamente este editor havia escrito R$ 6,5 milhões quando, na verdade, os bens declarados pelo parlamentar somam R$ 6,1 milhões ( para ser mais preciso: seis milhões e 150 mil reais).

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